“Que
ninguém seja deixado para trás”, pediu Dom Walmor de Oliveira
Em comemoração ao Dia do
Trabalhador, nesta sexta-feira, 1º de maio, celebração
de São José Operário, o arcebispo de Belo Horizonte (MG) e
presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Walmor
Oliveira de Azevedo, manifestou, por meio de uma mensagem em vídeo, seu apoio e
compromisso com os trabalhadores e trabalhadoras do Brasil neste tempo difícil
em que o país vive com as crises sanitária, política e econômica.
MENSAGEM DO PRESIDENTE DA CONFERÊNCIA
NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL AOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS DO BRASIL
Amado irmão, amada irmã, saúde e
paz!
Primeiro de maio, 2020, dia do
trabalhador e trabalhadora sem grandes manifestações – com muita gente sem
emprego. O número de desempregados está crescendo mais rápido em nosso país com
a crise advinda da pandemia do coronavírus. Além de tantos outros que estão
parados há mais de um mês e tem dificuldade para garantir o sustento para
família. Aliada a crise sanitária e econômica, o Brasil ainda vive uma crise
social e política. A situação é grave, precisamos de líderes éticos,
humanistas, comprometidos com a saúde do povo, especialmente dos pobres e
vulneráveis com a preservação de vidas competentes com a geração de empregos.
“Sem trabalho não há dignidade,
mas nem todos os trabalhos são dignos”, ensina o Santo padre o Papa Francisco.
Por isso, neste Dia do Trabalhador, celebração de São José Operário, rezo e
convido você a também dedicar preces a todos que ainda são excluídos – vivem
sem trabalho digno. Cada um de nós, criados à imagem e semelhança de Deus,
temos, na nossa essência, a vocação para o trabalho. Trabalhar é, pois, muito
mais que simplesmente ambicionar dinheiro ou posses. Trata-se de assumir a
vocação humana de contribuir para um bem maior – da sociedade, da Casa Comum,
de toda a obra da criação.
Todos merecem um trabalho digno,
que garanta o próprio sustento e o bem estar da própria família. É preciso,
assim, vencer as muitas formas de escravidão, que distorcem o sentido do
trabalho, desconsiderando que cada ser humano é filho de Deus. Neste dia do
trabalhador, os cristãos são especialmente convocados a se indignar com a
submissão do trabalho a uma lógica econômica perversa, que privilegia a geração
de desigualdades – poucos concentrando muito dinheiro e tantas pessoas –
absoluta maioria – excluídas, desempregadas ou sem trabalho digno.
O momento é de união de esforços
público e privado para que ninguém seja deixado para trás. O Estado tem o dever
de dar prioridade aos trabalhadores e trabalhadoras brasileiras em situação de
vulnerabilidade. É fundamental que o Estado adote políticas claras na contramão
dos interesses espúrios do lucro e dos privilégios excludentes, vergonhosos e
injustos. É urgente uma economia que se volte para o desenvolvimento integral,
preservando emprego, renda e trabalho na cidade e no campo. Aí, especialmente,
não permitindo legislações que não favoreçam o desmonte da sobrevivência do
camponês. A você trabalhador que está sofrendo as consequências da crise
sanitária e política: saiba que você não está sozinho. Enquanto ela persiste,
Deus está do seu lado – Deus estará sempre do seu lado. A solidariedade é o
grande remédio para um mundo novo, justo e fraterno. Estamos juntos nessa
travessia e sairemos mais forte dela. Sejamos guiados pela esperança e pela fé.
São José Operário, patrono da
Igreja e protetor dos trabalhadores e trabalhadoras, a exercer com dedicação o
próprio trabalho. Sensibilize o coração de todos, especialmente de políticos,
empreendedores, dirigentes e gestores, sobre a necessidade de oferecer trabalho
digno a cada pessoa num desenvolvimento integral para uma sociedade justa, fraterna
e solidária.
Contem com minhas orações,
compromisso e amizade. Deus vos abençoe copiosamente.
Brasília-DF, 1º de maio de 2020
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte – MG
Presidente da CNBB
* Fonte: CNBB