29/03/2019

QUARESMA, CONVITE À REFLEXÃO - Pe Xiko


O tempo quaresmal é um período de forte convite à reflexão, revisão de vida e, especialmente, um tempo de mudanças e de atitudes. Somos convidados a deter nosso olhar e nosso coração nas palavras e gestos de Cristo. Numa sociedade que prioriza o virtual, Cristo se faz carne, gesto, palavra e sensibilidade. Numa sociedade que põe sua confiança na tecnologia, na força da inteligência, Cristo se faz criança, ternura, proximidade e, sobretudo, amor.
Sim, numa época em que predomina a sociedade líquida e a pós-verdade, uma sociedade marcada pelas fake news, Cristo se anuncia concreto, real, visível, verdade e vida.

Quando tudo fala e vive de pressa, de rapidez, correria, velocidade, Cristo aparece como aquele que a única pressa é amar, perdoar e compreender.
Realmente, num mundo onde predomina a violência, ofensas, divisões e até mesmo o ódio, Cristo propõe a paz, o entendimento a concórdia e, sobretudo, a misericórdia. Numa sociedade onde predomina a desesperança, a tristeza, e mesmo a angústia, Cristo proclama a esperança, a alegria e segurança.
Sim, neste tempo em que é normal buscar o consumismo, o transitório, o passageiro, Cristo mostra-se pobre, permanente e fiel.
Neste mundo onde encontramos tanto orgulho, agressividade, prepotência, concorrência e injustiça, Cristo traz, em sua própria pessoa e em sua mensagem, uma postura de humildade, de mansidão, de serviço, de solidariedade e de justiça.
Por isso, na primeira semana quaresmal fomos convidados acompanhar Jesus ao deserto. Não necessariamente ao deserto geográfico, mas ao deserto existencial. Ou seja, entrar em nosso interior, no íntimo de nosso ser e aí perguntar: como estamos vivendo nossa missão, como estamos enfrentando os desafios de nossa vida?
Na segunda semana do período quaresmal fomos convidados a subir a montanha para deixar a planície, deixar a rotina, para estar mais próximo de Cristo. Para poder ouvir sua declaração de amor, onde Ele nos afirma que somos seus filhos e filhas muito amados. Fomos convidados a subir a montanha, isto é, estarmos mais próximo d’Ele. Mas precisamos entender que a montanha pode ser nossa família, nossa comunidade, nosso ambiente de trabalho, pode ser o templo ou pode ser nosso grupo de amigos.
Na terceira semana continuaremos a acompanhar Jesus de uma forma bem concreta. Nos adverte que todos somos pecadores, frágeis, necessitados do perdão e da misericórdia. Com isto, Ele nos adverte que não basta segui-lo, ouvi-lo, mas faz-se necessário converter-se, mudar de vida, de atitudes e especialmente mudar nossa cultura agressiva, egoista, individualista, violenta, para uma cultura de comunhão, solidariedade, comunitária. E de modo muito especial, uma cultura de fraternidade.
Pe. Xiko - Equipe Sacerdotal MCC Nacional