17/05/2017

Carta MCC Brasil – Mai 2017 – 213ª


Pe. Gilberto Beraldo

“Pelo batismo fomos sepultados com ele na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dos mortos pela ação gloriosa do Pai, assim também nós vivamos uma vida nova. Pois, se fomos, de certo modo, identificados com ele por uma morte semelhante à sua, seremos semelhantes a ele também pela ressurreição” (Rm 6, 4-5).
Queridos leitores e leitoras, perseverantes nas alegrias da Páscoa da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo: a paz do terno coração do Pai esteja com todos vocês!
Introdução. Se já passaram as festividades da Páscoa, porque tanta citação sobre esse acontecimento tão inexplicável quão misterioso? Para um seguidor do caminho de Jesus a resposta é quase intuitiva: celebrando a Ascensão de Jesus ao céu no domingo, dia 28 deste mês, estamos, ainda, no clima sobrenatural do mistério pascal. A liturgia chama esse tempo de Tempo Pascal que se prolonga até a festa da Santíssima Trindade. Quando digo “clima do mistério pascal”, pretendo reafirmar a fé e a esperança renascidas na Páscoa. Fé e esperança confirmadas pela Ascensão de Jesus aos céus. Sem dúvida, conforme sua promessa aos apóstolos e a nós, haveremos de segui-lo como ressuscitados. Não sem antes recebermos “o poder do Espírito Santo que descerá sobre vós, para serdes minhas testemunhas... até os confins da terra” (cf. At 1,8).
1. ASCENSÃO DE JESUS, esperança da imortalidade e compromisso com o anúncio da Boa Nova. De vez em quando aparece em alguns meios de comunicação a notícia de que há cientistas estudando a possibilidade de a limitada vida humana tornar-se eterna... Será? Sem dúvida, aos que analisam tais teorias – não passam de meras teorias – falta a luz da fé em Jesus. Fundamentados na sua Palavra – Ele mesmo é a Palavra – nós, seus seguidores, ancorados na sua promessa, tantas vezes repetida nos Evangelhos, “cremos na ressurreição da carne e na vida eterna” (cf. Credo). A Ascensão de Jesus, além de coroar sua humanidade, vem confirmar para os que com Ele caminham, a certeza da própria ressurreição, a certeza da vida eterna.
1.1. “E, se já morremos com Cristo, cremos que também viveremos com ele” (Rm 6,8). Aliás, Paulo com essa categórica afirmação aos fiéis de Roma, não faz mais do que ressoar a palavra de Jesus a Nicodemos, preocupado com a afirmação d’Ele que lhe falara em “nascer do alto”. De fato, retruca Nicodemos, “como pode alguém nascer, se já é velho? Ele poderá entrar uma segunda vez no ventre de sua mãe para nascer?” E Jesus responde: “Em verdade, em verdade te digo: se alguém não nascer da água e do Espírito, não poderá entrar no Reino de Deus” (cf. Jo 3, 3-5). Talvez a mesma dúvida manifestada por Nicodemos tenha aflorado, vez ou outra, em nosso coração. Pautando-nos pela idade cronológica da vida, nem sempre somos capazes de lançar um olhar mais além. Ou seja, um olhar para a plenitude da ternura de Deus Pai que a todos acolhe com carinho. De fato, Ele não espera o fim de nossa vida terrena para tratar-nos como filhos e filhas muito amados. A submersão nas águas do Batismo e a infusão do Espírito Santo introduzem-nos na “morte com Cristo”, mas, ainda, na Sua vida eterna. Pois, a graça batismal, a graça divina – como já refletimos anteriormente – é para nós, batizados, a “vida eterna já agora iniciada”!
1.2. Recomeçar a partir do mistério. A Páscoa da Ressurreição de Jesus, é mais uma oportunidade que temos de reafirmar a nossa fé n’Ele e na esperança de nossa própria ressurreição. Ressurreição que – como lembramos em nossa carta de abril – já se manifesta na vida divina em nós infundida pelo batismo,  vida eterna já iniciada e, portanto, vida nova. Vida nova significa, sobretudo, um novo início, uma nova mentalidade, novas posturas, novos sentimentos, novas atitudes. Vida nova significa um mergulho no mistério de Deus, através de Jesus, pela ação do Espírito Santo. E, ao dizer “mergulhar no mistério” não estou-me referindo a ter “revelações ou visões” nem de Maria nem de nenhum santo, nem experimentar arrebatamentos celestiais (lembro que a última revelação de Deus na qual devemos crer, com certeza, terminou com o ponto final do livro do Apocalipse)! “Mergulhar no mistério de Deus” é viver dia a dia, recomeçando a cada dia, o amor, a solidariedade, o perdão, a ternura do coração de Cristo, alimentados pela oração e, sobretudo, pela Eucaristia, Corpo e Sangue de Jesus. “Mergulhar no mistério de Deus” é um processo contínuo de conversão, colaborando concretamente para tornar o limitado mundo ao seu redor, mais humano e mais feliz!
2. UMA IGREJA EM “SAÍDA”. Outro momento fundamental da Ascensão de Jesus ao céu é o momento do envio para a missão de anunciar a Boa Notícia do Reino. Missão confiada aos primeiros discípulos, mas estendida a todos os que queremos seguir seu caminho. Missão mais do que nunca, urgente. Missão que, se durante muitos anos restringiu-se ao interior da Igreja ou a alguns poucos rodeando a sacristia, tornou-se atual e, mais que nunca, com o Papa Francisco, missão expressa numa Igreja “em saída” cuja descrição é assim introduzida: “A evangelização obedece ao mandato missionário de Jesus: “Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado” (Mt 28, 19-20). Nesses versículos, aparece o momento em que o Ressuscitado envia os seus a pregar o Evangelho em todos os tempos e lugares, para que a fé n’Ele se estenda a todos os cantos da terra” (EG 19).
Sugestão para uma reflexão pessoal e/ou do seu grupo. Sugiro aos que me lêem, bem como aos seus grupos, que voltem a refletir sobre todo o Capítulo I da EG: “A transformação missionária da Igreja”. Nele poderão notar a força – eu diria, quase “revolucionária” – do termo “transformação missionária”.
3. MAIO: MÊS DE MARIA, Mãe da Igreja “em saída”.  Já nos acostumamos com a expressão de que Maria foi a “primeira missionária” por ter-nos trazido o Filho de Deus que anuncia o Reino. Que bela oportunidade temos de, neste seu mês, invocando-a como Mãe de Deus, Mãe de cada seguidor de Jesus, Mãe da Igreja, uma Igreja mais do que nunca missionária, uma Igreja “em saída”, que providencial oportunidade temos, repito, de rezar cada dia deste mês a oração (novamente aqui transcrita) que conclui a providencial Exortação Apostólica Evangelii Gaudium – “A Alegria do Evangelho” – do Papa Francisco: “Pedimos-lhe (a Maria) que nos ajude, com sua oração materna, para que a Igreja se torne uma casa para muitos, uma mãe para todos os povos, e torne possível o nascimento de um mundo novo. É o Ressuscitado que nos diz, com uma força que nos enche de imensa confiança e firmíssima esperança: “Eu renovo todas as coisas” (Ap 21,5). Com Maria, avançamos confiantes para esta promessa, e dizemos-lhe:
“Virgem e Mãe Maria, Vós que, movida pelo Espírito, acolhestes o Verbo da vida na profundidade da vossa fé humilde, totalmente entregue ao Eterno, ajudai-nos a dizer o nosso “sim” perante e urgência, mais imperiosa do que nunca, de fazer ressoar a Boa Nova de Jesus.
Vós, cheia da presença de Cristo, levastes a alegria a João Batista, fazendo-o exultar no seio de sua mãe. Vós, estremecendo de alegria, cantastes as maravilhas do Senhor. Vós, que permanecestes firme diante da Cruz, com uma fé inabalável, e recebestes a jubilosa consolação da Ressurreição, reunistes os discípulos à espera do Espírito para que nascesse a Igreja evangelizadora.
Alcançai-nos agora um novo ardor de ressuscitados para levar a todos o Evangelho da vida que vence a morte. Dai-nos a santa ousadia de buscar novos caminhos para que chegue a todos o dom da beleza que não se apaga.”[1]
Abraço fraternalmente a todos desejando que, ao “mergulhar no mistério de Deus”, cada leigo e cada leiga – principalmente os que militam nos Movimentos da Igreja – sinta-se motivado a ser agente evangelizador da ‘Igreja em saída’, amparado no carinho maternal de Maria que ‘reuniu os discípulos à espera do Espírito Santo’ para que a Igreja nascesse.
Pe. José Gilberto BERALDO
Equipe Sacerdotal do Grupo Executivo Nacional – GEN
Movimento de Cursilhos do Brasil