10/01/2019

CARTA MCC BRASIL JANEIRO 2019 – 233ª.



“Pois, anunciar o Evangelho não é para mim motivo de glória.

 É antes uma necessidade que se me impõe.

Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho!” (1 Cor 9, 16).

Amados leitores e leitoras: desejo que continue ressoando na vida e no coração de todos vocês aquele maravilhoso anúncio do Natal – “Glória a Deus nas alturas”; e que seja iminente, neste ano que começa, o cumprimento daquela singela promessa: “e paz para aqueles que Ele ama”!

Introdução. Quero começar lembrando que, ao final da Carta de dezembro de 2018, informei que entregaria à nova Coordenação do Movimento de Cursilhos de Cristandade do Brasil o prosseguimento da redação desses textos mensais. Decidiu a Coordenação que, por ora, eu dê continuidade à elaboração dessas cartas. Por isso, ao começar a redigir a carta de número 233, faço-o com renovado prazer, com renovada alegria e com renovado entusiasmo, agradecendo a Deus e aos caríssimos irmãos e irmãs do Grupo Executivo Nacional, a oportunidade de continuar essa missão evangelizadora, e esperando, ao mesmo tempo, contar com a benevolência, a compreensão e o interesse dos meus sempre pacientes e amáveis leitores.

Iniciando, pois, essa nova etapa – nova Coordenação Nacional e novo ano – faço aqui duas observações importantes que poderão ajudar-me no cumprimento da missão que me foi confiada, e que envolvem a colaboração específica de quem lê as Cartas Mensais. A primeira diz respeito à preocupação do escritor em relação ao leitor. Essas cartas têm como primeiros destinatários os integrantes do Movimento de Cursilhos, mas, pelas motivações que contêm, servem como mensagem evangelizadora também para outros grupos de cristãos. Por isso, nem sempre os pontos que questionam ou levam à reflexão, fazem referência direta ao MCC, o que exige dos leitores cursilhistas, um esforço no sentido de encontrar uma adequada aplicação ao MCC.  A segunda diz respeito à reação do leitor em relação ao escritor. Seria, a meu ver, valioso e conveniente um “retorno” por parte dos leitores em forma de sugestões, comentários, observações e críticas pertinentes, que me ajudassem a discernir melhor as necessidades e expectativas dos destinatários dessas missivas.

·       Novo ano, novo tempo, novos horizontes e novas propostas para a evangelização. A progressão natural da história e da cultura, e o transcurso do tempo que parece tornar-se mais visível no início de cada ano, materializam-se nos avanços observados em todos os campos da atividade humana. Nos tempos atuais esses avanços são fomentados pelas altas tecnologias, cujo acesso já não é privilégio de alguns, mas está praticamente ao alcance de todos. Como resultado, também dos seguidores de Jesus se exige que, fiéis aos fundamentos da fé, sem renunciar ao Caminho, à Verdade e à Vida, criem e ponham em ação novas propostas para o anúncio do Reino de Deus: “O Reino de Deus está no meio de vós!” (Lc 1,21b). Assim, neste novo tempo, da Igreja-Povo de Deus, dos ministros anunciadores do Reino, de cada cristão católico, espera-se que, sem abrir mão do fundamental e sem cair na vulgarização da mensagem de Jesus, sejam criativos, desacomodados, dispostos a “sair” como pede o papa Francisco, para evangelizar, sobretudo, as “periferias existenciais”. Estamos dispostos a começar o ano abraçando a nova proposta de evangelização sugerida na Evangelii Gaudium, sendo a “comunidade de discípulos missionários que se envolvem, acompanham, frutificam, festejam, vão na frente e tomam a iniciativa”? (EG 24)

·       São Paulo Apóstolo, exemplo para o evangelizador de hoje. Por oportuno, lembro que o Papa Paulo VI instituiu São Paulo como Patrono do Movimento de Cursilhos, cujos integrantes são continuamente convocados a seguir-lhe o exemplo. A celebração litúrgica de sua conversão ocorre neste mês de janeiro, no dia 25. Pela narrativa dos Atos dos Apóstolos, é suficiente acompanhar um pouco de suas viagens pelas tantas regiões para as quais partiu em missão evangelizadora, para perceber sua capacidade de adaptação. É isso que ele quer dizer quando escreve aos Coríntios: “Assim, livre em relação a todos, eu me tornei escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível. Com os judeus, me fiz judeu, para ganhar os judeus. Com os súditos da Lei, me fiz súdito da Lei – – embora não fosse mais súdito da Lei para ganhar os súditos da Com os sem-lei, me fiz um sem-lei – eu que não era sem a lei de Deus, já que estava na lei de Cristo –, para ganhar os sem-lei. Com os fracos me fiz fraco, para ganhar os fracos. Para todos eu me fiz tudo, para certamente salvar alguns. Por causa do evangelho eu faço tudo, para dele me tornar participante” (1Cor 9, 19-23).

·       Necessidade e urgência de conversão. Ler todas as exortações do papa Francisco ou todas as cartas paulinas, entretanto, será de pouca ou nenhuma utilidade para o Reino de Deus, se não houver da parte de cada um, de cada uma, um esforço de conversão. Conversão, vale lembrar, significa “mudança de mentalidade” e, consequentemente, de atitudes. Significa passar da teoria à prática. Não é somente deixar de ser um grande ou um pequeno pecador e tornar-se um ícone de todas as virtudes cristãs. Converter-se é um processo. Se, por um lado, um processo é algo complexo e, frequentemente até doloroso, por outro lado, em se tratando da passagem (conversão) de uma mentalidade acomodada ou de uma religião tíbia para uma dimensão evangelizadora e dinâmica, tal processo dura toda a vida! Nesse sentido é imprescindível, nestes nossos novos horizontes eclesiais e evangelizadores, ler e reler esse precioso documento do papa Francisco sobre a Alegria do Evangelho.

Cursos breves, palestras, retiros, citações, facilidade de consultas do texto do Papa na Internet – todo esforço valerá a pena nesse processo de conversão para uma evangelização dinâmica.  Trago apenas um exemplo em que o Papa nos fala sobre o fato de “o Tempo ser superior ao Espaço”: “Este princípio permite trabalhar a longo prazo, sem a obsessão pelos resultados imediatos. Ajuda a suportar, com paciência, situações difíceis e hostis ou as mudanças de planos que o dinamismo da realidade impõe. É um convite a assumir a tensão entre plenitude e limite, dando prioridade ao tempo. […] Dar prioridade ao espaço leva-nos a proceder como loucos para resolver tudo no momento presente, para tentar tomar posse de todos os espaços de poder e autoafirmação. É cristalizar os processos e pretender pará-los. Dar prioridade ao tempo é ocupar-se mais com iniciar processos do que possuir espaços. O tempo ordena os espaços, ilumina-os e transforma-os em elos duma cadeia em constante crescimento, sem marcha atrás. Trata-se de privilegiar as ações que geram novos dinamismos na sociedade e comprometem outras pessoas e grupos que os desenvolverão até frutificar em acontecimentos históricos importantes. Sem ansiedade, mas com convicções claras e tenazes” (EG 223). Não poderia terminar sem outra oportuna citação do mesmo documento: “A pastoral em chave missionária exige o abandono deste cômodo critério pastoral: ‘fez-se sempre assim’. Convido todos a serem ousados e criativos nesta tarefa de repensar os objetivos, as estruturas, os estilos e os métodos evangelizadores das respectivas comunidades” (EG 33). Seguir orientações como essa também faz parte da conversão!

Com toda a força de minha amizade e consideração para com todos os meus queridos leitores e leitoras, renovo meus votos de um fecundo ano de 2019 e que, no decorrer dos novos dias que se aproximam, possamos, cada um no seu lugar e nas distintas circunstâncias de vida, irradiar com nosso testemunho e nossa palavra o mandamento de Jesus: Completou-se o tempo, e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede na Boa Nova” (Mc 1,15). E que em nossa missão, sejamos acompanhados por Maria, a primeira evangelizadora!

Com o carinho de meu abraço fraterno!!

Pe. José Gilberto BERALDO

Equipe sacerdotal do Grupo Executivo Nacional

MCC Brasil