Todos os anos, durante o período da Quaresma, que
se inicia na Quarta-feira de Cinzas, a Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB) apresenta e convida toda comunidade a participar da Campanha da
Fraternidade, com o principal objetivo de despertar a reflexão e a
solidariedade de todos em relação a um problema.
Em 2018, a Campanha da Fraternidade tem como tema
“Fraternidade e Superação da Violência”. E, extraído do capítulo 23 do
Evangelho de São Mateus, o lema: “Vós sois todos irmãos.” Com o objetivo de
construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da
justiça, à luz da palavra de Deus como caminho de superação da violência.
Mas, como podemos superar a violência em nossas
comunidade e como podemos promover a paz? Para respondermos essas questões e
entendermos mais sobre a Campanha da Fraternidade de 2018, nós vamos conversar
com Dom Anuar Battisti, Arcebispo de Maringá (PR) e presidente do
conselho diretor da Pastoral da Criança.
O tema foi escolhido dado ao crescimento assustador
da violência em todos os sentidos. A violência em casa, na rua, pelos meios de
comunicação social e tantos outros local. Devemos lembrar que toda violência
exclui, toda a violência mata e nós não queremos a morte, nos queremos a vida,
defender a vida custe o que custar, visto que ela é um dom de Deus e deve ser
defendida desde a concepção até a morte natural. De modo que, ninguém pode
matar ninguém, esse é um mandamento da lei de Deus e por isso a urgência de
tratar deste tema, no viés fraternidade e superação da violência. Nós só vamos
superar a violência quando nos se sentirmos irmãos.
O que gera a violência ou quais são as raízes da
violência?
A violência começa nos pequenos gestos dentro de
casa: não saber perdoar, vingar-se porque alguém fez alguma coisa errada,
porque quebrou um prato ou porque deixou algo fora do lugar ou simplesmente,
porque você não gosta daquela atitude. A violência nasce nesses pequenos gestos
e erros que não somos capazes de perdoar. Mas, a violência também está presente
em outras formas no nosso país: na questão da pobreza, na discriminação, na
distribuição de renda e no consumismo, essa diferença social é a grande raiz da
violência, pois todos querem vida e dignidade. Por isso, nós buscamos a
fraternidade e ações de não violência, como a atitude de perdão, reconciliação,
agradecimento, compreensão e arrependimento, esse é o caminho da não violência.
O que se espera conseguir com a Campanha da
Fraternidade de 2018?
O que se espera é que a campanha da fraternidade
não fique só no livro, não fique só no texto, não durante só durante a
Quaresma. Ela é uma proposta para ser meditada e refletida o ano todo. Que
possamos levar o tema desta e de todas as campanhas para as nossas reuniões de
grupo, para as nossas reuniões de família e para as nossas comunidades, de modo
que a própria Igreja seja grande incentivadora da construção da cultura da paz
entre nós.
Como podem colaborar com a Campanha da Fraternidade
de 2018 e lutar contra a violência?
Para colaborar com a Campanha da Fraternidade, tem
que acontecer a conversão pessoal e familiar para a cultura da paz, a cultura
da não violência. Cada um de nós deve fazer seu exame de consciência e se
perguntar: os meus gestos e as minhas atitudes, dentro de casa, no meu
trabalho, com os meus amigos, nos momentos de lazer, na hora de encontrar as
pessoas que amo, são atitudes de paz e de ternura? quais são os gestos de
violência que às vezes usamos e não nos damos conta? como posso mudar? Nós
começamos de fato a colaborar com esta da Campanha da Fraternidade para acabar
com a violência, a partir dos pequenos gestos que pode nascer entre nós: um
aperto de mão, um abraço, pedir desculpa, pedir perdão e nos abrir também para os
diferentes dentro da nossa comunidade, no diálogo inter-religioso, no caminho
da superação da violência e da discriminação. Nós queremos sim 0% de violência
e 100% de ternura.