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01/05/2020

No Dia do Trabalho, presidente da CNBB exorta: "Momento é de união"


“Que ninguém seja deixado para trás”, pediu Dom Walmor de Oliveira

Em comemoração ao Dia do Trabalhador, nesta sexta-feira, 1º de maio, celebração de São José Operário, o arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Walmor Oliveira de Azevedo, manifestou, por meio de uma mensagem em vídeo, seu apoio e compromisso com os trabalhadores e trabalhadoras do Brasil neste tempo difícil em que o país vive com as crises sanitária, política e econômica.

MENSAGEM DO PRESIDENTE DA CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL AOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS DO BRASIL
Amado irmão, amada irmã, saúde e paz!
Primeiro de maio, 2020, dia do trabalhador e trabalhadora sem grandes manifestações – com muita gente sem emprego. O número de desempregados está crescendo mais rápido em nosso país com a crise advinda da pandemia do coronavírus. Além de tantos outros que estão parados há mais de um mês e tem dificuldade para garantir o sustento para família. Aliada a crise sanitária e econômica, o Brasil ainda vive uma crise social e política. A situação é grave, precisamos de líderes éticos, humanistas, comprometidos com a saúde do povo, especialmente dos pobres e vulneráveis com a preservação de vidas competentes com a geração de empregos.
“Sem trabalho não há dignidade, mas nem todos os trabalhos são dignos”, ensina o Santo padre o Papa Francisco. Por isso, neste Dia do Trabalhador, celebração de São José Operário, rezo e convido você a também dedicar preces a todos que ainda são excluídos – vivem sem trabalho digno. Cada um de nós, criados à imagem e semelhança de Deus, temos, na nossa essência, a vocação para o trabalho. Trabalhar é, pois, muito mais que simplesmente ambicionar dinheiro ou posses. Trata-se de assumir a vocação humana de contribuir para um bem maior – da sociedade, da Casa Comum, de toda a obra da criação.
Todos merecem um trabalho digno, que garanta o próprio sustento e o bem estar da própria família. É preciso, assim, vencer as muitas formas de escravidão, que distorcem o sentido do trabalho, desconsiderando que cada ser humano é filho de Deus. Neste dia do trabalhador, os cristãos são especialmente convocados a se indignar com a submissão do trabalho a uma lógica econômica perversa, que privilegia a geração de desigualdades – poucos concentrando muito dinheiro e tantas pessoas – absoluta maioria – excluídas, desempregadas ou sem trabalho digno.
O momento é de união de esforços público e privado para que ninguém seja deixado para trás. O Estado tem o dever de dar prioridade aos trabalhadores e trabalhadoras brasileiras em situação de vulnerabilidade. É fundamental que o Estado adote políticas claras na contramão dos interesses espúrios do lucro e dos privilégios excludentes, vergonhosos e injustos. É urgente uma economia que se volte para o desenvolvimento integral, preservando emprego, renda e trabalho na cidade e no campo. Aí, especialmente, não permitindo legislações que não favoreçam o desmonte da sobrevivência do camponês. A você trabalhador que está sofrendo as consequências da crise sanitária e política: saiba que você não está sozinho. Enquanto ela persiste, Deus está do seu lado – Deus estará sempre do seu lado. A solidariedade é o grande remédio para um mundo novo, justo e fraterno. Estamos juntos nessa travessia e sairemos mais forte dela. Sejamos guiados pela esperança e pela fé.
São José Operário, patrono da Igreja e protetor dos trabalhadores e trabalhadoras, a exercer com dedicação o próprio trabalho. Sensibilize o coração de todos, especialmente de políticos, empreendedores, dirigentes e gestores, sobre a necessidade de oferecer trabalho digno a cada pessoa num desenvolvimento integral para uma sociedade justa, fraterna e solidária.
Contem com minhas orações, compromisso e amizade. Deus vos abençoe copiosamente.
Brasília-DF, 1º de maio de 2020
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte – MG
Presidente da CNBB
* Fonte: CNBB