Em outubro
de 2019, a Igreja retoma a célebre frase do papa Paulo VI “Cristo aponta para a
Amazônia”. Convocada pelo papa Francisco, a assembleia sinodal terá como tema
“Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. Saiba
mais sobre o Sínodo dos Bispos e o contexto da assembleia deste ano:
O
que é Sínodo:
O Sínodo é uma instituição permanente da Igreja
Católica que foi criada pelo papa Paulo VI, em resposta aos desejos dos padres
do Concílio Vaticano II. A intenção é manter vivo o espírito de
colegialidade nascido na experiência conciliar.
Resgatando o
sentido etimológico da palavra “sínodo”, chega-se aos termos gregos syn
(que significa “juntos”) e hodos (que significa “caminho”), numa junção
que expressa a ideia de “caminhar juntos”. A reunião desta
instituição permanente da Igreja consiste em um encontro religioso ou
assembleia na qual alguns bispos, reunidos com o papa, têm a oportunidade de
trocarem informações e compartilhar experiências. O objetivo comum destas
reuniões é buscar soluções pastorais que tenham aplicação universal.
A Santa Sé define o Sínodo, em termos gerais, como uma assembleia de
bispos que representa o episcopado católico e tem como tarefa ajudar o Papa no
governo da Igreja universal dando-lhe seu conselho.
Qual
o tema: O papa Francisco convocou, em outubro de 2017,
a Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para outubro de 2019, com o tema “Amazônia:
novos caminhos para a Igreja e para uma Ecologia Integral”. O objetivo,
nas palavras do pontífice, “identificar novos caminhos para a evangelização
daquela porção do Povo de Deus, especialmente dos indígenas, frequentemente
esquecidos e sem perspectivas de um futuro sereno, também por causa da crise da
Floresta Amazônica, pulmão de capital importância para nosso planeta. Que os
novos Santos intercedam por este evento eclesial para que, no respeito da
beleza da Criação, todos os povos da terra louvem a Deus, Senhor do universo, e
por Ele iluminados, percorram caminhos de justiça e de paz”.
Um Sínodo
para CONHECER a riqueza do bioma, os saberes e a diversidade
dos Povos da Amazônia, especialmente dos povos Indígenas, suas lutas por uma
ecologia integral, seus sonhos e esperanças.
Um Sínodo
para RECONHECER as lutas e resistências dos Povos da Amazônia
que enfrentam mais de 500 anos de colonização e de projetos desenvolvimentistas
pautados na exploração desmedida e na destruição da floresta e dos recursos
naturais;
Um Sínodo
para CONVIVER com a Amazônia, com o modo de ser de
seus povos, com seus recursos de uso coletivo compartilhados num modo de vida
não capitalista adotado e assimilado milenarmente.
Um Sínodo
para DEFENDER a Amazônia, seu bioma e seus povos ameaçados em
seus territórios, injustiçados, expulsos de suas terras, torturados e
assassinados nos conflitos agrários e socioambientais, humilhados pelos
poderosos do agronegócio e dos grandes projetos econômicos desenvolvimentistas.
Quais
são as pautas: De acordo com o Documento
Preparatório, o Sínodo vai refletir sobre os novos caminhos de evangelização
que devem ser elaborados para e com o povo de Deus que habita na região
amazônica: habitantes de comunidades e zonas rurais, de cidades e grandes
metrópoles, ribeirinhos, migrantes e deslocados e, especialmente, para e com os
povos indígenas.
As reflexões
do Sínodo para a Pan-Amazônia superam o âmbito estritamente eclesial amazônico,
por serem relevantes para a Igreja universal e para o futuro de todo o planeta
“Partimos de um território específico, do qual se quer fazer uma ponte para
outros biomas essenciais do nosso mundo: Bacia Fluvial do Congo, corredor
biológico mesoamericano, florestas tropicais da Ásia Pacífica e Aquífero
Guarani, entre outros”.
O Documento
Preparatório indica alguns assuntos que devem estar na pauta do Sínodo para a
Amazônia:
- O “rosto dos povos da Amazônia”;
- A riqueza natural em risco mediante a exploração desmedida;
- O modo de vida dos povos da Amazônia baseado no “bem-viver”;
- A realidade das cidades dos nove países que compõem a Pan-Amazônia;
- A predominância das desigualdades sociais, econômicas, culturais e políticas;
- IDENTIDADE E CLAMORES DA PAN-AMAZÔNIA
O território;
Diversidade sociocultural;
Identidade dos povos indígenas;
Memória histórica eclesial;
Justiça e direitos dos povos;
Espiritualidade e sabedoria.
- PARA UMA CONVERSÃO PASTORAL E ECOLÓGICA
Anunciar o Evangelho de Jesus na Amazônia:
- dimensão bíblico-teológica;
- dimensão social;
- dimensão ecológica;
- dimensão sacramental;
- dimensão eclesial-missionária.
- NOVOS CAMINHOS PARA UMA IGREJA COM ROSTO
AMAZÔNICO
Igreja com rosto amazônico;
Dimensão profética;
Ministérios com rostos amazônicos;
Novos caminhos;
Processo
Sinodal: O processo preparatório do Sínodo, que deve ser
concluído até o meio do ano, com a publicação do instrumentum laboris,
consistiu em um amplo processo de escuta, que teve como primeiros interlocutores
os povos indígenas e todas as comunidades que vivem na Amazônia. “Queremos
saber como imaginam um “futuro tranquilo” e o “bem viver” para as futuras
gerações. Como podemos colaborar na construção de um mundo capaz de romper com
as estruturas que sacrificam a vida e com as mentalidades de colonização para
construir redes de solidariedade e interculturalidade? Sobretudo queremos
saber: Qual é a missão específica da Igreja, hoje, diante desta realidade?”.