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26/09/2019

O Sínodo da Igreja para a Pan-Amazônia


Em outubro de 2019, a Igreja retoma a célebre frase do papa Paulo VI “Cristo aponta para a Amazônia”. Convocada pelo papa Francisco, a assembleia sinodal terá como tema “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. Saiba mais sobre o Sínodo dos Bispos e o contexto da assembleia deste ano:

O que é Sínodo: O Sínodo é uma instituição permanente da Igreja Católica que foi criada pelo papa Paulo VI, em resposta aos desejos dos padres do Concílio Vaticano II. A intenção é manter vivo o espírito de colegialidade nascido na experiência conciliar.

Resgatando o sentido etimológico da palavra “sínodo”, chega-se aos termos gregos syn (que significa “juntos”) e hodos (que significa “caminho”), numa junção que expressa a ideia de “caminhar juntos”. A reunião desta instituição permanente da Igreja consiste em um encontro religioso ou assembleia na qual alguns bispos, reunidos com o papa, têm a oportunidade de trocarem informações e compartilhar experiências. O objetivo comum destas reuniões é buscar soluções pastorais que tenham aplicação universal. A Santa Sé define o Sínodo, em termos gerais, como uma assembleia de bispos que representa o episcopado católico e tem como tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja universal dando-lhe seu conselho.

Qual o tema: O papa Francisco convocou, em outubro de 2017, a Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para outubro de 2019, com o tema “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma Ecologia Integral”. O objetivo, nas palavras do pontífice, “identificar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus, especialmente dos indígenas, frequentemente esquecidos e sem perspectivas de um futuro sereno, também por causa da crise da Floresta Amazônica, pulmão de capital importância para nosso planeta. Que os novos Santos intercedam por este evento eclesial para que, no respeito da beleza da Criação, todos os povos da terra louvem a Deus, Senhor do universo, e por Ele iluminados, percorram caminhos de justiça e de paz”.

Qual a motivação: Em 2018, durante o encontro com povos indígenas de quase todos os países da Pan-Amazônia, em Porto Maldonado, Peru, o papa Francisco falou sobre a riqueza dos saberes e da diversidade indígena, sobre a necessidade de defender a Amazônia e seus povos e, também, sobre as ameaças que estes povos enfrentam em função dos interesses econômicos em seus territórios.

Um Sínodo para CONHECER a riqueza do bioma, os saberes e a diversidade dos Povos da Amazônia, especialmente dos povos Indígenas, suas lutas por uma ecologia integral, seus sonhos e esperanças.

Um Sínodo para RECONHECER as lutas e resistências dos Povos da Amazônia que enfrentam mais de 500 anos de colonização e de projetos desenvolvimentistas pautados na exploração desmedida e na destruição da floresta e dos recursos naturais;

Um Sínodo para CONVIVER com a Amazônia, com o modo de ser de seus povos, com seus recursos de uso coletivo compartilhados num modo de vida não capitalista adotado e assimilado milenarmente.

Um Sínodo para DEFENDER a Amazônia, seu bioma e seus povos ameaçados em seus territórios, injustiçados, expulsos de suas terras, torturados e assassinados nos conflitos agrários e socioambientais, humilhados pelos poderosos do agronegócio e dos grandes projetos econômicos desenvolvimentistas.

Quais são as pautas: De acordo com o Documento Preparatório, o Sínodo vai refletir sobre os novos caminhos de evangelização que devem ser elaborados para e com o povo de Deus que habita na região amazônica: habitantes de comunidades e zonas rurais, de cidades e grandes metrópoles, ribeirinhos, migrantes e deslocados e, especialmente, para e com os povos indígenas.

As reflexões do Sínodo para a Pan-Amazônia superam o âmbito estritamente eclesial amazônico, por serem relevantes para a Igreja universal e para o futuro de todo o planeta “Partimos de um território específico, do qual se quer fazer uma ponte para outros biomas essenciais do nosso mundo: Bacia Fluvial do Congo, corredor biológico mesoamericano, florestas tropicais da Ásia Pacífica e Aquífero Guarani, entre outros”.

O Documento Preparatório indica alguns assuntos que devem estar na pauta do Sínodo para a Amazônia:
  • O “rosto dos povos da Amazônia”;
  • A riqueza natural em risco mediante a exploração desmedida;
  • O modo de vida dos povos da Amazônia baseado no “bem-viver”;
  • A realidade das cidades dos nove países que compõem a Pan-Amazônia;
  • A predominância das desigualdades sociais, econômicas, culturais e políticas;
  • IDENTIDADE E CLAMORES DA PAN-AMAZÔNIA
    O território;
    Diversidade sociocultural;
    Identidade dos povos indígenas;
    Memória histórica eclesial;
    Justiça e direitos dos povos;
    Espiritualidade e sabedoria.
  • PARA UMA CONVERSÃO PASTORAL E ECOLÓGICA
    Anunciar o Evangelho de Jesus na Amazônia:
  • dimensão bíblico-teológica;
  • dimensão social;
  • dimensão ecológica;
  • dimensão sacramental;
  • dimensão eclesial-missionária.
  • NOVOS CAMINHOS PARA UMA IGREJA COM ROSTO AMAZÔNICO
    Igreja com rosto amazônico;
    Dimensão profética;
    Ministérios com rostos amazônicos;
    Novos caminhos;
Processo Sinodal: O processo preparatório do Sínodo, que deve ser concluído até o meio do ano, com a publicação do instrumentum laboris, consistiu em um amplo processo de escuta, que teve como primeiros interlocutores os povos indígenas e todas as comunidades que vivem na Amazônia. “Queremos saber como imaginam um “futuro tranquilo” e o “bem viver” para as futuras gerações. Como podemos colaborar na construção de um mundo capaz de romper com as estruturas que sacrificam a vida e com as mentalidades de colonização para construir redes de solidariedade e interculturalidade? Sobretudo queremos saber: Qual é a missão específica da Igreja, hoje, diante desta realidade?”.