Foram
eleitos nesta segunda-feira, 6 de maio, na 57ª
Assembleia Geral aqueles a quem tem sido confiado o comando da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, nos próximos quatro anos. O
novo presidente é dom Walmor Azevedo, Arcebispo de Belo Horizonte - MG, o
primeiro vice-presidente, dom Jaime Spengler, Arcebispo de Porto Alegre – RS, e o
Segundo Vice-Presidente, uma novidade a partir deste ano, dom Mário Antônio da Silva, Bispo de Roraima.
Em
uma declaração emitida logo após ser eleito, o novo presidente, que acaba de
completar 65 anos no dia 26 de Abril, reconheceu que "trata-se de grande
responsabilidade, pois muitos são os desafios". Entre esses desafios
destaca-se o ponto de
vista oposto entre a CNBB e o atual governo brasileiro em várias questões,
especialmente no que diz respeito à Reforma da Previdência, que nas suas propostas ameaça a
maioria da população brasileira.
Na
nota podemos entender que Dom
Walmor se mostra contrário às políticas do governo, quando
afirma que "nosso olhar deve permanecer voltado para os mais pobres,
fortalecendo nossas ações no exercício da caridade, do amor, na busca da
justiça, imprescindível para a construção da paz, tão necessária na atualidade",
uma declaração que mostra a tensão social existente no Brasil, que só tem
aumentado nos últimos meses, onde a polarização é cada vez mais evidente. A
isto acrescenta a necessidade de cultivar sempre "um coração sensível às
dores dos excluídos, das pessoas esquecidas, conscientes de que Jesus nasceu e
cresceu entre os mais sofridos". Junto com isso, o Arcebispo de Belo
Horizonte pede uma Igreja cada vez mais missionária, em saída, seguindo os
pedidos do Papa
Francisco.
O
Primeiro Vice-Presidente, de quem muitos pensavam que seria o novo presidente
antes da eleição, é o franciscano Jaime
Spengler, até agora presidente da Comissão de Ministérios
Ordenados e Vida Consagrada, semelhante ao serviço realizado no Vaticano dentro
da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida
Apostólica. O arcebispo de Porto
Alegre foi um dos representantes dos bispos brasileiros no Sínodo da Juventude, realizado no Vaticano em outubro de 2018,
onde identificou como um dos grandes desafios para a Igreja de hoje, transmitir
a fé ao mais jovens e cooperar para mostrar caminhos de vida, de realização, de
felicidade e de Deus.
O Segundo
Vice-Presidente, o único eleito na segunda votação, já que tanto o Presidente
como o Vice-Presidente Primeiro teve que esperar até a terceira votação, é
alguém que nós podemos dizer que, embora nascido no sul do Brasil, tem se “amazonizado” desde que ele chegou na região para ser bispo
auxiliar de Manaus
em 2010. Ele mostrou isso na sua resposta quando questionado se ele aceitava o
cargo, dizendo que ele assumia "pela Amazônia e pelo povo
brasileiro". Sua pessoa foi ganhando importância nos últimos tempos dentro
da Igreja brasileira pelo grande trabalho feito pela Igreja de Roraima
na acolhida de migrantes venezuelanos, uma tarefa apoiada expressamente e
continuadamente por seu bispo.
A
eleição de dom Mário
Antônio da Silva também tem um significado especial em vista do
Sínodo para a
Amazônia, que será realizado em Roma de 06 a 27 de outubro. O bispo de
Roraima tem sido sempre um dos mais ativos na Rede Eclesial Pan-Amazônica - REPAM,
a quem o Papa
Francisco deu um papel de destaque no processo sinodal. De
fato, o seu presidente, o cardeal Cláudio Hummes, foi nomeado relator geral em 4 de maio.
Em
geral, sobre a eleição, podemos dizer, como foi reconhecido por alguns dos
presentes, que tem sido uma votação muito serena e rápida, que foi precedida
pela apresentação de diferentes candidatos por cada um dos 18 regionais em que
a Igreja brasileira está dividida, tornando visível um ambiente muito fraterno
e sinodal. Ao mesmo tempo, essas mesmas fontes reconhecem que a reação após a
eleição da nova presidência tem sido muito boa.
* Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/588909-tres-bispos-sensiveis-aos-apelos-do-papa-francisco-na-presidencia-da-cnbb