Acompanhemos Jesus: o Guia da Semana Santa, dia por
dia
Pe. Charles Pope
Uma breve
explicação de cada jornada desta Semana Santa que está prestes a começar: do
Domingo de Ramos à Vigília da Páscoa
O grande Mistério
Pascal pulsa no coração da fé cristã: trata-se da unidade indissociável entre a
Paixão, a Morte, a Ressurreição e a Ascensão de Jesus Cristo, os acontecimentos
salvíficos em que culmina toda a História da Salvação.
Estamos prestes a
viver a Semana Santa. Sugerimos que você guarde e compartilhe este guia e o
repasse todos os dias desta Semana Santa, caminhando ao lado de Jesus
nas jornadas mais difíceis que Ele viveu nesta terra.
Esta é a semana em
que o ministério público de Jesus chega ao ápice.
SOBRE A
RECONSTITUIÇÃO DA SEMANA SANTA:
Alguns estudiosos
negam que possamos reconstituir o dia-a-dia da última semana de Jesus devido às
lacunas históricas e a episódios que não se encaixam numa cronologia perfeita.
Além disso, São João propõe um cenário muito diferente (talvez como
interpretação teológica) da Última Ceia e da relação entre ela e a Páscoa. A
sequência de fatos que recapitulamos a seguir obedece basicamente aos
evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas). Se considerarmos as diferenças
apenas no nível do detalhe e não como diferenças de fato, é um material que
pode ser de grande ajuda espiritual para todos nós.
Convidamos você,
portanto, a ler esta reconstituição como um cenário provável, mas não
inquestionável, da última semana de Jesus. Participe das liturgias da Semana
Santa em sua paróquia, celebrando-as na comunidade da Igreja e abrindo-se à
experiência renovada da realidade central da nossa fé: nosso Senhor
Ressuscitado está vivo no meio de nós!
DOMINGO DE RAMOS
A Semana Santa
começou com a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Na manhã do domingo,
narrada pelos quatro evangelistas, a procissão de ramos em mãos nos transforma
em parte daquela multidão que recebe Jesus como Rei. De acordo com Marcos, 11,11,
Jesus voltou naquela mesma noite para Betânia, na periferia de Jerusalém.
Talvez Ele tenha ficado com seus amigos Marta, Maria e Lázaro. É uma noite em
que Jesus considera em seu coração os dias tão difíceis que o esperam.
SEGUNDA-FEIRA DA SEMANA SANTA
De acordo com
Mateus 21, Marcos 11 e Lucas 19, Jesus retorna a Jerusalém neste dia e, vendo
as práticas comerciais vergonhosas realizadas na área do templo, reage com
zelosa indignação, expulsando os vendilhões e denunciando que eles
transformaram a casa de seu Pai num covil de ladrões. O evangelho de João
registra ainda que Ele repreendeu a incredulidade das multidões. Marcos, em
11,19, escreve que Jesus voltou para Betânia também nesta noite. Oremos com
Jesus, tão zeloso por nos purificar. Reflexão: ainda insistimos em transformar
a religião em negócio?
TERÇA-FEIRA DA SEMANA SANTA
Segundo Mateus,
Marcos e Lucas, Jesus retorna mais uma vez a Jerusalém, onde é confrontado
pelos dirigentes do templo quanto à Sua atitude do dia anterior. Eles
questionam a autoridade de Jesus, que responde e ensina usando parábolas como a
da vinha (cf. Mt 21,33-46) e a do banquete de casamento (cf. Mt 22,1). Há
também o ensinamento sobre o pagamento dos impostos (cf. Mt 22,15) e a
repreensão aos saduceus, que negam a ressurreição (cf. Mt 22,23). Jesus faz
ainda a terrível profecia sobre a destruição de Jerusalém caso os seus
habitantes não creiam nele, afirmando que não restará pedra sobre pedra (cf. Mt
24). Continuemos a rezar com Jesus e a ouvir atentamente os seus ensinamentos
finais, pouco antes da Paixão.
QUARTA-FEIRA DA SEMANA SANTA
É neste dia que
Judas conspira para entregar Jesus, recebendo em troca trinta moedas de prata
(cf. Mt 26,14). Jesus provavelmente passou o dia em Betânia. À noite, Maria de
Betânia o unge com um caro óleo perfumado. Judas objeta contra esse
“desperdício”, mas Jesus o repreende e diz que Maria o ungiu para o seu
sepultamento (cf. Mt 26,6). Os ímpios conspiram contra Jesus. Reforcemos a
nossa oração em união com Ele. Reflexão: de que forma nos prestamos a apoiar,
mesmo sem querer diretamente, aqueles que conspiram contra Jesus?
QUINTA-FEIRA SANTA
Começa o Tríduo
Pascal, os três dias que culminarão na Ressurreição de Jesus. O Cristo instrui
seus discípulos a se prepararem para a Última Ceia. Durante o dia, eles fazem
os preparativos (cf. Mt 26,17). Na Missa da Ceia do Senhor que celebramos em
nossas paróquias, recordamos e tornamos presente, neste dia, a Última Ceia que
Jesus compartilhou com seus apóstolos. Estamos no andar superior, com Jesus e
os doze, e fazemos o que eles fizeram. Por meio do ritual de lavar os pés (Jo
13, 1) de doze paroquianos, todos nós nos unimos no serviço de uns aos outros.
Por meio da celebração desta primeira Missa e da instituição da Sagrada
Eucaristia (Mt 26,26), unimo-nos a Jesus e recebemos o Seu Corpo e o Seu Sangue
como se fosse a primeira vez. Nesta Eucaristia, damos especiais graças a Deus
pelo dom do sacerdócio ministerial: foi nesta noite que Ele ordenou os seus
doze apóstolos a “fazerem isto em memória de mim”. Após a Última Ceia, que foi
a Primeira Missa, os apóstolos e Jesus se dirigem pelo Vale do Cedron até o
Horto das Oliveiras, onde o Cristo lhes pede que orem e vigiem, enquanto Ele
experimenta a sua agonia (cf. Mt 26,30).
Nós também iremos
em procissão, com Jesus vivo no Santíssimo Sacramento, até o altar de repouso,
previamente preparado na paróquia, e que representa o Horto. A liturgia de hoje
termina em silêncio. É antigo o costume de passar uma hora em adoração diante
do Santíssimo Sacramento nesta noite. Permanecemos, assim, ao lado de Jesus no
Horto das Oliveiras e oramos enquanto Ele enfrenta a sua terrível agonia. Perto
da meia-noite, Jesus será traído por Judas. O Cristo será preso e levado para a
casa do sumo sacerdote (cf. Mt 26,47).
SEXTA-FEIRA SANTA
Durante toda a
noite, Jesus fica trancado no calabouço da casa do sumo sacerdote. Pela manhã,
Ele é levado até a presença de Pilatos, o governador romano, que repassa o caso
para o rei Herodes. Herodes o manda de volta para Pilatos, que, em algum
momento no meio da manhã, cede à pressão das autoridades do templo e das multidões
e condena Jesus à morte cruel por crucificação. No final da manhã, Jesus é
levado pelos soldados através da cidade até a colina do Gólgota. Ali, ao
meio-dia, Ele é pregado à cruz e agoniza durante cerca de três horas.
Por volta das três
da tarde, Jesus entrega o Espírito ao Pai e morre. Descido da cruz, é colocado
apressadamente no sepulcro antes do anoitecer. Este é um dia de oração, jejum e
abstinência. Sempre que possível, os cristãos são chamados a se abster do
trabalho, de compromissos sociais e de entretenimento, a fim de se dedicarem à
oração e à adoração em comunidade. De manhã ou ao meio-dia, muitas paróquias
realizam a última via-crúcis e uma palestra espiritual sobre as sete palavras
finais de Jesus. Outras paróquias oferecem a via-crúcis e as “Sete Palavras” às
3h da tarde, no momento da morte de Jesus. À tarde ou à noite, nos reunimos
silenciosamente em nossas igrejas para refletir sobre a morte de Jesus na cruz
e rezar pelas necessidades do mundo. Também veneramos a redenção de Cristo na
cruz com um beijo sobre o crucifixo. Nossa fome, neste dia de jejum, é
satisfeita com a Sagrada Comunhão, consagrada na véspera e distribuída no final
desta liturgia. Refletimos também sobre os apóstolos, que podem ter se reunido
com medo na noite anterior e refletido sobre tudo o que havia acontecido.
SÁBADO SANTO
O corpo de Jesus
está no sepulcro, mas a sua alma, entre os mortos, anuncia o Reino dos Céus.
Chega a hora em que os mortos ouvem a voz do Filho de Deus – e os que a ouvem
viverão (Jo 5,25). Enquanto isso, desolados com a morte de Jesus, os discípulos
observam o sábado judaico imersos na tristeza. Eles se esqueceram da promessa
de Jesus. Mas nós não podemos nos esquecer! Não podemos esquecer! Nesta noite,
depois do pôr-do-sol, nós nos reuniremos em nossas paróquias para a Grande
Vigília Pascal, durante a qual experimentaremos o Jesus ressuscitado dos
mortos! Começaremos o nosso encontro na escuridão e acenderemos o fogo da
Páscoa, que nos lembra que Jesus é a Luz que brilha nas trevas. Jesus é a Luz
do mundo. Entraremos na igreja e ouviremos atentamente os relatos da Bíblia que
descrevem a obra salvadora de Deus nos tempos passados. É então que, de
repente, as luzes da igreja são acesas e é cantado o Glória jubiloso com o qual
celebramos o momento da Ressurreição de Cristo! Jesus Cristo vive! Na alegria
da Ressurreição, celebramos então os sacramentos do Batismo, da Confirmação e
da Eucaristia para os nossos catecúmenos e para os candidatos que se prepararam
durante muitas semanas até a chegada desta noite. Como Igreja, cantamos o
Aleluia pela primeira vez em longos quarenta dias. Faça tudo que estiver ao seu
alcance para estar presente nesta noite na Vigília Pascal e convide também os
seus amigos e a sua família. A Ressurreição de Cristo é o centro da nossa fé: é
o momento mais importante de toda a História da Salvação! A nossa vigília
culmina em uma alegria pascal que nunca mais terá fim!
* Fonte: https://pt.aleteia.org/2018/03/23/acompanhemos-jesus-o-guia-da-semana-santa-dia-por-dia/