Pe. Gilberto Beraldo |
“Pelo batismo fomos sepultados com ele na morte,
para que, como Cristo foi ressuscitado dos mortos pela ação gloriosa do Pai,
assim também nós vivamos uma vida nova. Pois, se fomos, de certo modo,
identificados com ele por uma morte semelhante à sua, seremos semelhantes a ele
também pela ressurreição” (Rm 6, 4-5).
Queridos leitores e leitoras, perseverantes nas
alegrias da Páscoa da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo: a paz do terno
coração do Pai esteja com todos vocês!
1. ASCENSÃO
DE JESUS, esperança da imortalidade e compromisso com o anúncio da Boa Nova. De
vez em quando aparece em alguns meios de comunicação a notícia de que há
cientistas estudando a possibilidade de a limitada vida humana tornar-se
eterna... Será? Sem dúvida, aos que analisam tais teorias – não passam de meras
teorias – falta a luz da fé em Jesus. Fundamentados na sua Palavra – Ele mesmo
é a Palavra – nós, seus seguidores, ancorados na sua promessa, tantas vezes
repetida nos Evangelhos, “cremos na ressurreição da carne e na vida eterna”
(cf. Credo). A Ascensão de Jesus, além de coroar sua humanidade, vem confirmar
para os que com Ele caminham, a certeza da própria ressurreição, a certeza da
vida eterna.
1.1. “E, se já morremos com Cristo, cremos que
também viveremos com ele” (Rm 6,8). Aliás, Paulo com essa
categórica afirmação aos fiéis de Roma, não faz mais do que ressoar a palavra
de Jesus a Nicodemos, preocupado com a afirmação d’Ele que lhe falara em
“nascer do alto”. De fato, retruca Nicodemos, “como pode alguém nascer, se já é
velho? Ele poderá entrar uma segunda vez no ventre de sua mãe para nascer?” E
Jesus responde: “Em verdade, em verdade te digo: se alguém não nascer da
água e do Espírito, não poderá entrar no Reino de Deus” (cf. Jo 3, 3-5).
Talvez a mesma dúvida manifestada por Nicodemos tenha aflorado, vez ou outra,
em nosso coração. Pautando-nos pela idade cronológica da vida, nem sempre somos
capazes de lançar um olhar mais além. Ou seja, um olhar para a plenitude da
ternura de Deus Pai que a todos acolhe com carinho. De fato, Ele não espera o
fim de nossa vida terrena para tratar-nos como filhos e filhas muito amados. A
submersão nas águas do Batismo e a infusão do Espírito Santo introduzem-nos na
“morte com Cristo”, mas, ainda, na Sua vida eterna. Pois, a graça batismal, a
graça divina – como já refletimos anteriormente – é para nós, batizados, a
“vida eterna já agora iniciada”!
1.2. Recomeçar a partir do mistério. A Páscoa da Ressurreição de Jesus, é mais uma oportunidade que temos
de reafirmar a nossa fé n’Ele e na esperança de nossa própria ressurreição.
Ressurreição que – como lembramos em nossa carta de abril – já se manifesta na
vida divina em nós infundida pelo batismo, vida eterna já iniciada e, portanto,
vida nova. Vida nova significa, sobretudo, um novo início, uma nova
mentalidade, novas posturas, novos sentimentos, novas atitudes. Vida nova
significa um mergulho no mistério de Deus, através de Jesus, pela ação do
Espírito Santo. E, ao dizer “mergulhar no mistério” não estou-me referindo a
ter “revelações ou visões” nem de Maria nem de nenhum santo, nem experimentar
arrebatamentos celestiais (lembro que a última revelação de Deus na qual
devemos crer, com certeza, terminou com o ponto final do livro do Apocalipse)!
“Mergulhar no mistério de Deus” é viver dia a dia, recomeçando a cada dia, o
amor, a solidariedade, o perdão, a ternura do coração de Cristo, alimentados
pela oração e, sobretudo, pela Eucaristia, Corpo e Sangue de Jesus. “Mergulhar
no mistério de Deus” é um processo contínuo de conversão, colaborando
concretamente para tornar o limitado mundo ao seu redor, mais humano e mais
feliz!
2. UMA IGREJA EM “SAÍDA”. Outro momento fundamental da Ascensão de Jesus ao céu é o momento do
envio para a missão de anunciar a Boa Notícia do Reino. Missão confiada aos
primeiros discípulos, mas estendida a todos os que queremos seguir seu caminho.
Missão mais do que nunca, urgente. Missão que, se durante muitos anos
restringiu-se ao interior da Igreja ou a alguns poucos rodeando a sacristia,
tornou-se atual e, mais que nunca, com o Papa Francisco, missão expressa numa
Igreja “em saída” cuja descrição é assim introduzida: “A evangelização obedece
ao mandato missionário de Jesus: “Ide, pois, fazei discípulos de todos os
povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os
a cumprir tudo quanto vos tenho mandado” (Mt 28, 19-20). Nesses versículos,
aparece o momento em que o Ressuscitado envia os seus a pregar o Evangelho em
todos os tempos e lugares, para que a fé n’Ele se estenda a todos os cantos da
terra” (EG 19).
Sugestão para uma reflexão pessoal e/ou do seu
grupo. Sugiro aos que me lêem, bem como aos seus grupos,
que voltem a refletir sobre todo o Capítulo I da EG: “A transformação missionária
da Igreja”. Nele poderão notar a força – eu diria, quase “revolucionária” – do
termo “transformação missionária”.
3. MAIO: MÊS DE MARIA, Mãe da Igreja “em saída”. Já nos acostumamos com a expressão de que Maria foi a “primeira
missionária” por ter-nos trazido o Filho de Deus que anuncia o Reino. Que bela
oportunidade temos de, neste seu mês, invocando-a como Mãe de Deus, Mãe de cada
seguidor de Jesus, Mãe da Igreja, uma Igreja mais do que nunca missionária, uma
Igreja “em saída”, que providencial oportunidade temos, repito, de rezar cada
dia deste mês a oração (novamente aqui transcrita) que conclui a providencial
Exortação Apostólica Evangelii Gaudium – “A Alegria do Evangelho” – do Papa
Francisco: “Pedimos-lhe (a Maria) que nos ajude, com sua oração materna, para
que a Igreja se torne uma casa para muitos, uma mãe para todos os povos, e
torne possível o nascimento de um mundo novo. É o Ressuscitado que nos diz, com
uma força que nos enche de imensa confiança e firmíssima esperança: “Eu renovo
todas as coisas” (Ap 21,5). Com Maria, avançamos confiantes para esta promessa,
e dizemos-lhe:
“Virgem e Mãe Maria, Vós que, movida pelo Espírito,
acolhestes o Verbo da vida na profundidade da vossa fé humilde, totalmente
entregue ao Eterno, ajudai-nos a dizer o nosso “sim” perante e urgência, mais
imperiosa do que nunca, de fazer ressoar a Boa Nova de Jesus.
Vós, cheia da presença de Cristo, levastes a
alegria a João Batista, fazendo-o exultar no seio de sua mãe. Vós, estremecendo
de alegria, cantastes as maravilhas do Senhor. Vós, que permanecestes firme
diante da Cruz, com uma fé inabalável, e recebestes a jubilosa consolação da
Ressurreição, reunistes os discípulos à espera do Espírito para que nascesse a
Igreja evangelizadora.
Alcançai-nos agora um novo ardor de ressuscitados para levar a todos o Evangelho da vida
que vence a morte. Dai-nos a santa ousadia de buscar novos caminhos para que
chegue a todos o dom da beleza que não se apaga.”[1]
Abraço fraternalmente a todos desejando que, ao
“mergulhar no mistério de Deus”, cada leigo e cada leiga – principalmente os
que militam nos Movimentos da Igreja – sinta-se motivado a ser agente evangelizador
da ‘Igreja em saída’, amparado no carinho maternal de Maria que ‘reuniu os
discípulos à espera do Espírito Santo’ para que a Igreja nascesse.
Pe. José Gilberto BERALDO
Equipe
Sacerdotal do Grupo Executivo Nacional – GEN
Movimento de
Cursilhos do Brasil